sábado, 21 de novembro de 2009

Fundação Copel: Ex-presidente implica Eduardo Requião

Bertholdo se defendeu negando ter atuado para favorecer outro grupo privado na negociação
O depoimento do ex-presidente da Fundação Copel, Edilson Bertholdo, na Comissão de Fiscalização da Assembleia Legislativa acabou levantando novas suspeitas sobre a atuação do governo Requião, em especial da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), na operação que resultou na venda de ações do terminal portuário de Ponta do Félix, em Antonina (Litoral do Estado). Acusado pelo governador Roberto Requião (PMDB) de ter desobedecido a ordem de exercer a preferência na compra da parte do Previ, fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, no negócio, Bertholdo devolveu a acusação, afirmando nunca ter recebido uma determinação oficial da direção da Copel para fazer a operação.

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Além disso, a própria APPA, que até o ano passado era comandada pelo irmão do governador, Eduardo Requião – hoje secretário da Representação do Paraná em Brasília - nunca teria agido concretamente para comprar as ações da Previ, apesar do fundo ter manifestado a intenção de vender sua parte há dois anos. Por conta disso, a comissão aprovou ontem mesmo a convocação presidente do Conselho Deliberativo, Marlus Gaio, e o presidente da Copel, Rubens Ghilardi, e indicou que pretende chamar também em seguida o atual superintendente da APPA, Daniel Lúcio Oliveira de Souza, que substituiu Eduardo Requião no cargo. O objetivo seria entender porque a APPA não adquiriu as ações, embora tenha feito duas reuniões com a Previ, uma no dia 27 de outubro, em Curitiba, e outra em 3 de novembro, no Rio de Janeiro, onde fica a sede do fundo.
O Previ detinha 43,4% das ações do terminal e vendeu recentemente sua parte para o grupo privado Equiplan. Requião acusou Bertholdo de não ter obedecido a determinação de exercer a preferência da Fundação Copel - fundo previdenciário dos funcionários da Copel – que tem 20,4% no terminal, na compra da parte da Previ. O dirigente acabou pedindo demissão do cargo, e foi convocado a se explicar na Assembleia.
No depoimento, Bertholdo se defendeu negando ter atuado para favorecer outro grupo privado na negociação. Segundo ele, a Fundação Copel não exerceu a preferência na compra das ações da Previ porque não foi comunicada oficialmente dessa determinação do governador. E também porque em uma reunião entre a superintendência da APPA e a diretoria da Copel ficou acertado que a APPA faria a proposta para a compra das ações. “A Fundação Copel sustou as reuniões para discutir esse assunto já que havia sido dada uma solução pelo governo. A APPA enviou um ofício à Previ e no dia três de novembro se reuniu no Rio de Janeiro para tratar da compra”, contou Bertholdo.
Correspondência — Entre os documentos apresentados por Bertholdo durante a audiência estão correspondências trocadas entre o então superintendente da APPA, Eduardo Requião, e a diretoria da Equiplan, empresa que comprou as ações da Previ. “Pelos termos das correspondências a superintendência da APPA não admitia mais postergações na venda das ações para a Equiplan”, afirmou o deputado Reni Pereira (PSB). “Em outra correspondência, a Equiplan agradecia o empenho do mesmo Eduardo, já como secretário de Representação do Paraná, em Brasília”, disse.
Para o deputado Durval Amaral (DEM), o depoimento de Bertholdo trouxe novas dúvidas sobre o caso. “A Copel vai ter que dizer porque não determinou que a Fundação exercesse o direito de preferência na compra. E a APPA porque não manifestou o interesse em comprar, apesar das ações estarem à venda há mais de dois anos”, cobrou Amaral. O deputado Tadeu Veneri (PT) questionou também o fato da APPA ter proibido o terminal Ponta do Félix de exportar cargas secas, o que teria diminuido em 75% o movimento do porto, provocando um prejuízo de R$ 12 milhões. “O que fica é a suspeita de que houve uma tentativa de inviabilizar (o porto) para direcionar a venda”, apontou. “O que levou a APPA a participar de uma reunião com o Previ, quando o negócio já estava praticamente fechado”, pergunta Veneri. (Ivan Santos - Bem Paraná)

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