Tenho acompanhado e participado, desde o início, das tratativas com vistas às negociações coletivas, e, tenho observado com tristeza que parte do movimento sindical ecetista, ainda não representa a categoria com a seriedade que a mesma merece. Digo isso, porque temos ao longo do tempo, debatido e afirmado alguns princípios que devem nortear nossas ações nas nossas campanhas salariais que são:
Aumento real de salário, encurtar a distancia entre o maior e o menor salário da categoria, resgatar o poder aquisitivo dos ecetistas, preservar e se possível ampliar nossos benefícios, ampliar os direitos políticos e lutar por um Correio público e de qualidade.

Ora! Primeiro quero aqui ressaltar que a proposta apresentada à categoria, foi construída por parte do movimento sindical, mais precisamente, por nós da CSC/CTB, ARTICULAÇÂO SINDICAL e ASS, que preocupadas como estão, com a batalha que hoje é travada no Congresso Nacional, entenderam que o momento é de muita cautela, e se conseguíssemos evitar uma greve, com a apresentação de uma boa proposta (é lógico), que respalde nossos princípios, só teríamos a ganhar. Pois bem! Conseguimos fazer com que a empresa entendesse que o momento era de agirmos com responsabilidade, em torno de uma proposta que fosse boa para ambos os lados, ou seja, uma proposta boa para os trabalhadores e que estivesse dentro das possibilidades da empresa. E assim surgiu a proposta, que não foi apresentada pela ECT aos trabalhadores antes da deflagração da greve, por causa do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG, que através do DEST, não autorizou a empresa a apresentá-la. E o fato de não ter autorizado, se deu por causa da atual política salarial do MPOG, que na atualidade é de repor a inflação, acrescida de no máximo 1% (um por cento), para as estatais (ver acordo fechado pelos aeroviários, que dá menos de 1% de aumento real). Como a proposta construída, supera e muito a dita política, não foi admitida a sua apresentação. Então a greve foi decretada, e na audiência que tivemos no dia 16/09/2009, com o Ministro Hélio Costa, audiência essa, realizada por iniciativa da Frente Parlamentar em Defesa dos Correios, para tratar da reestruturação dos Correios, aproveitamos a oportunidade e conseguimos fazer com que o Ministro, com ajuda de parlamentares da frente parlamentar, fosse até o Ministério do Planejamento, para conseguir a dita autorização. E assim aconteceu, a proposta com a autorização do DEST, foi apresentada, e o compromisso era de que, ambas as partes, considerando o momento vivido, chegasse a um consenso, para evitar maiores desgastes para a empresa, que sofre ataques ferrenhos no Congresso Nacional, por parte da concorrência. Infelizmente o consenso não aconteceu, e o que se viu foi dirigente, que na realidade não tem preparo político para esclarecer a categoria da verdadeira situação, acirrar os ânimos da mesma, criando expectativas falsas (mesmo sabendo que não se realizariam), por questões ideológicas, levando a categoria para uma situação de desgaste. Na verdade, se a proposta não é a do nosso sonho, é razoável dentro do contexto que estamos vivendo, pois, traz no seu conteúdo, os nossos balizadores e alguns traços interessantes de serem analisados, vejamos:
- Repõe a inflação do período, que é de 4,5%, e, apesar de o governo trabalhar com a perspectiva de a inflação do próximo período ser de algo em torno de 2,5% a 3%, considera os 4,5%, e antecipa para agora, totalizando os 9% propostos, e o que é mais interessante, com a salva guarda de que se alguma coisa mudar na economia, e, a inflação ser superior aos 4,5%, a ECT, de imediato, corrigirá os salários, pagando a diferença;
- Atualizará o ticket Alimentação/refeição e cesta básica, acima da inflação, passando os valores para R$ 21,50 (vinte e um real e cinquenta centavos) e R$ 120,00 (cento e vinte reais), respectivamente, e retroativos a agosto/2009;
- Além de garantir o famoso Vale Peru, de vinte e três folhas no valor de R$ 21,50 (vinte e um reais e cinquenta centavos);
- Os demais benefícios, que são garantidos através de valores, serão corrigidos no mesmo percentual, ou seja, de 9% (nove por cento) garantindo assim um ganho antecipado, economicamente falando, para todos nós ecetistas;
- Avanços sociais e políticos nas demais cláusulas do nosso Acordo Coletivo de Trabalho, além da garantia, de continuação das negociações, entre a ECT e a Comissão de Negociações Permanente da FENTECT, com vistas ao aperfeiçoamento e melhorias no ACT;
- Já para o próximo ano, mais precisamente em Janeiro/2010, um aumento linear de R$100,00 (cem reais), o que na prática, representa uma diminuição do poço, hoje existente, entre o maior e menor salário, pois, representará aumento que variará de 1% (um por cento) a 16% (dezesseis por cento), nos salários; ou seja, em janeiro de 2010, o aumento total nos salários variará de 10% a 25%, o que representa um acordo excepcional, em que pese ser para dois anos (vide relatório do DIEESE);
- Novamente, aumento real, no valor facial, do ticket alimentação/refeição e do vale cesta, que passarão para os valores de R$ 23,00(vinte e três reais) e R$ 130,00 (cento e trinta reais), respectivamente, além é lógico, da garantia do Vale Peru, de vinte e três folhas, no valor facial de R$ 23,00 (vinte e três reais), para dezembro de 2010.
A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR!
Quem se fortaleceu com a greve? Nós que estamos lutando contra àqueles que querem acabar com o Monopólio Postal, ou a ABRAED e as empresas multinacionais como a DHL, FEDEX e outras? Sinceramente, queria eu, morder a língua, mas, ao ler um editorial da Folha de São Paulo, que tem como conteúdo, uma nota da DHL taxando os trabalhadores ecetista como irresponsáveis e, que perante a população, se coloca como a salvação da pátria para garantir a prestação dos serviços postais, só resta-me ficar preocupado e reconhecer que eles se fortaleceram nessa batalha. Na verdade, eu como um dos coordenadores da Comissão Nacional Contra a Quebra do Monopólio Postal – CNCQMP, que tenho desenvolvido no Congresso Nacional um trabalho para garantir o Correio Público e de Qualidade, fico bastante preocupado, pois tenho ouvido de parlamentares, que antes se posicionavam a favor da nossa luta, mudar suas opiniões, e, falarem que querem encaminhar para debate o Projeto de Lei, 3.677/2008, de autoria do Dep. Régis de Oliveira, do PSC/SP, que trata da quebra do monopólio postal. E na minha preocupação surge outra pergunta: será que valeu a pena radicalizar com a greve, já que não conseguimos avançar em nada com relação a proposta inicial, mas, que com certeza fortaleceu a concorrência?
QUEM DEFENDEU A CONTINUIDADE DA GREVE?
Uma situação no mínimo inusitada ocorreu, aqueles que ao longo do tempo sempre se recusaram de assinar qualquer documento que tratasse de assuntos de interesse da categoria, por não quererem assumir responsabilidades, foram os que agora assinaram e empurraram a categoria para o precipício. Sinceramente, como trabalhador e dirigente sindical que sou, recuso-me a acatar orientações de pessoas que pertencem a correntes que, sempre demonstraram descaso com os interesses da categoria, e que em épocas passadas protagonizaram situações ruins para os trabalhadores ecetistas (ver greve de 1997). Justamente por agirem movidos pelo emocional, banalizando um instrumento de luta, legítimo dos trabalhadores, e que deve ser usado com responsabilidade, que é a greve. E tem mais, a maioria que se constituiu no atual comando, tem que ser investigada, pois o que era minoria se transformou em maioria, devido à postura covarde de um membro que ajudou a construir a proposta, e, mesmo contrariando a maioria da sua corrente, insistiu em apoiar a rejeição da mesma, muito embora tenha admitido ser a proposta boa para a categoria, o que é estranho.
ESTÁ TUDO MUITO ESTRANHO!
Estranho! Essa é a palavra que encontro para procurar entender a corrente do PCO, do MRL e do CONLUTAS, que junto com o Sr. Schmucker (roedor de corda) da ASS, se constitui a maioria no comando, de tentar incutir na categoria que a proposta que o TST apresentou era melhor do que a que foi apresentada pela ECT. Se for verdade, porque não aceitaram quando o TST apresentou a mesma? A ECT de pronto aceitou, e o comando? Que tem essas representações na maioria do mesmo, por que não aceitou? Será que foi porque percebeu que além de ser uma proposta também bianual, traz retrocessos como banco de horas, além de não corrigir os vales alimentação e cesta e de também não elevar o piso da categoria no patamar da que foi oficializada? E ai SINTECT-GO? Dá para responder?
Finalizando, só me resta parabenizar àqueles que souberam com responsabilidade, entender o momento que estamos vivendo e recomendar a aceitação da proposta e o retorno ao trabalho, para que assim, possamos nos preparar para as batalhas principais, que dizem respeito à preservação dos nossos empregos, que se dá através da manutenção do monopólio postal e da conservação dos Correios público e de qualidade.
Concordo com LULA, quando diz que o verdadeiro dirigente tem que saber entrar, e saber sair da greve, sempre almejando o bem coletivo, e não se aproveitar do discurso fácil, que, sempre leva o trabalhador a prejuízos, além de não educá-lo, politicamente falando.
É, temos que dá Saudações a que tem coragem!!!
Abraços, Reginaldo.
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