sábado, 4 de abril de 2009

Um arranhão na aposentadoria

Os fundos de previdência brasileiros perderam dinheiro com a crise - destaque para a Previ - e agora buscam melhorar a rentabilidade diante de um cenário bem mais difícil Uma das novidades mais bem-vindas no mundo do trabalho nas últimas duas décadas foi a proliferação dos fundos de pensão - aqueles planos de previdência em que o funcionário paga uma contribuição e a empresa entra com uma contrapartida. Hoje, no Brasil, 6,8 milhões de pessoas têm seus projetos de aposentadoria atrelados a um desses fundos, e parte delas tomou um susto recentemente, quando foram divulgados os resultados do ano passado. Seja no mural perto do café, nos comunicados internos ou na intranet das companhias, a mensagem dada pela maior parte dos gestores orbitou em torno do mesmo tema: 2008 foi um ano para esquecer. A rentabilidade média do setor foi de -1,6%, o primeiro retorno negativo desde o início do Plano Real. Pior: cerca de 90% dos 372 fundos não atingiram a meta de rentabilidade. Não é que a situação seja desesperadora. Apesar do tropeço, os fundos ainda têm gordura para queimar, acumulada ao longo dos últimos dez anos - ao todo, eles têm 39 bilhões de reais a mais do que o necessário para pagar todas as aposentadorias. "O ano de 2008 foi um choque de realidade", diz José Mendonça, presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). "Felizmente, o que acumulamos desde 1995 foi o dobro do necessário para honrar os pagamentos. Ninguém ficará sem receber os benefícios." Não deixa de ser curioso que a mesma bolsa de valores que fez boa parte dos gestores derrapar no ano passado tenha permitido ganhos gigantescos nos anos anteriores. Esse foi o caso da caixa de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, a Previ, maior fundo de pensão da América Latina. Em 2008, as perdas chegaram a 11,5%, consequência, principalmente, da grande fatia aplicada em renda variável - 65% de seu patrimônio. Além da queda natural protagonizada pelo mercado de ações, a Previ teve de enfrentar casos extremos de desvalorização de alguns papéis nos quais investia, como Sadia e Aracruz. Isso fez a Previ perder 26 bilhões de reais no ano passado. (Guilherme Fogaça)

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