Considerada a mais tradicional e uma das principais fontes de remuneração dos investimentos de entidades fechadas de previdência complementar no País, a taxa CDI está perdendo terreno. No âmbito da renda fixa, gestores de fundos de pensão públicos e privados do porte de SulAmérica Investimentos, Bradesco Asset Management (Bram) e Schroders Investment Management Brasil estão substituindo as aplicações no certificado de depósito interbancário e em títulos pós-fixados indexados à cadente taxa básica de juro brasileira essencialmente por papéis prefixados e atrelados à inflação, além de uma atração, sempre cautelosa, por ativos negociados na bolsa de valores. Motivo elementar: as recentes reduções da Selic pelo Banco Central (BC), que derrubam automaticamente os ganhos do CDI.Pesquisa elaborada pelas consultorias financeiras Towers Perrin e NetQuant concedida com exclusividade à Gazeta Mercantil mostra que, em dezembro do ano passado, antes mesmo do início do ciclo de queda da Selic, a composição (benchmark) sugerida do portfólio dos gestores para este ano tinha 33% das alocações em CDI, ante parcela de 45% no levantamento feito um ano antes. A perspectiva sobre o restante das aplicações, indica o estudo, é a distribuição do dinheiro dos fundos de pensão de forma composta em sub-índices IMA, referenciais da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima) para os títulos da dívida do governo brasileiro, com exceção de papéis cambiais e não-negociáveis. A expectativa máxima de rentabilidade em 2009 do IMA-B (IPCA) e IMA-C (IGP-M) chega a 16,5% e 16%, respectivamente, enquanto o pico do CDI não passa de 12,75%, na opinião dos gestores entrevistados. "É bom lembrar que essa é uma visão de dezembro. O CDI teria muito menos espaço hoje e uma projeção de rentabilidade bem menor se a pesquisa fosse feita agora", ressalva Alessandra Cardoso, executiva da Towers Perrin responsável pelo estudo "Perspectiva para 2009: visão dos gestores". Luis Roberto Zaratin, superintendente de renda fixa e multimercados da Bram, reforça a tendência do CDI em baixa. "Lançamos fundos indexados ao IMA-Geral e IMA-B. Tivemos boa procura por papéis indexados ao IPCA." Eduardo Mendes, da Schroders, conta que a queda da remuneração do CDI obrigou a gestora de recursos inglesa, que administra mais de R$ 2 bilhões de cerca de 100 fundos de pensão no País, a ter uma postura mais ativa. "Priorizamos carteiras balanceadas, com muita proatividade na alocação em renda fixa e renda variável, fazendo movimentos mais rápidos e amplificados, até fora do nosso padrão." Mendes diz, no entanto, que , o CDI não está totalmente descartado. "Em termos de alocação e estratégia, não estamos muito confortáveis de fazer aposta na renda fixa. Os juros baixaram rápido demais, talvez o ritmo de queda agora não seja o mesmo. Já aproveitamos a maior parte da queda", alerta. Zaratin, da Bram, acredita na diversificação do portfólio. "Dentro de renda fixa, o CDI ainda é muito forte. Na parte de crédito continua importante, não é boa opção para dívida soberana." Marcelo Mello, vice-presidente da SulAmérica Investimentos, destaca mais uma alternativa ao combalido CDI. "Uma forma de compensação ainda na renda fixa é o crédito privado, aproveitar os ativos que se distorceram desde outubro, no ápice da crise. Debênture de primeira linha pagava 105% do CDI. Hoje dá para conseguir comprar com remuneração de 120%", diz Mello. Na renda variável, os gestores entrevistados pela Towers Perrin mantêm as respostas de dezembro do ano passado, com expectativa de rendimento máximo do IBrX de até 50%, para os otimistas, e 25% num cenário mais catastrófico. No ano, o índice da BM&F Bovespa acumula alta de 18,23%. Mesmo assim, a expectativa não significa que haverá migração desenfreada de alocações em renda fixa para ações. "Ainda há muita incerteza e muita dispersão na bolsa, que estabeleceu um novo piso mas deve andar para os lados daqui para a frente", aposta Eduardo Mendes, da Schroders.(Gazeta Mercantil - Luciano Máximo)
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