sábado, 28 de março de 2009

Congresso debate a crise e sua conseqüência para os fundos de pensão


Na quinta feira, pela manhã, os debates no 10º Congresso da Anapar, centraram-se sobre a crise mundial e suas conseqüências para os fundos de pensão, tendo como palestrantes, Sergio Mendonça, técnico do DIEESE (Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sindicais e Econômicas) e Jorge Abrão de Castro, do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Avançadas).
Segundo os palestrantes essa crise econômica é a maior de todos os tempos, superando inclusive a de 1929, e afetou todos os países, ou seja, é global. Eles foram enfáticos em dizer que essa, é uma crise sem precedentes no capitalismo moderno, e que como consequência, ativos na ordem de 50 trilhões de dólares foram para o espaço, nas bolsas de valores do mundo.

Sergio Mendonça afirma, que na realidade estamos assistindo a um colapso do crédito, que criou sistemas financeiros fictícios, alimentados pela especulação financeira. Ele afirma que o desmonte da mesma leva tempo, que a crise empobrece os detentores de ativo (ações, imóveis, títulos, moedas), derrubando o consumo mundial. Explicou que a crise reflete a concentração de renda, estagnação dos salários, que fez com que os trabalhadores ficassem à mercê da superexploração da força de trabalho, e, como tudo tem um limite, a bolha estorou, criando o ciclo vicioso mostrado abaixo:

Menos Confiança Menos demanda Menos produção Menos emprego


DESAFIOS:No seu entendimento, encontrá-se aberta uma janela de oportunidade para os trabalhadores, pois o momento é propício para disputarmos uma agenda pública que inclua os seguintes pontos:Salários e empregos decentes;Ações que trabalhem sob a ótica de desenvolvimento sustentável;Regulamentação do sistema financeiro mundial;Protecionismo;Taxação dos mais ricos, etc.

Concluindo, Mendonça falou que a lógica neoliberal, de estado mínimo, caiu por terra, e que o que estamos assistindo a nível mundial é um processo inverso, de estatização dos bancos, com o estado voltando à cena. Avalia que temos de aproveitar a situação, para debater (disputar) o papel do estado no novo contexto.


Jorge Abrão do IPEA foi à mesma linha de Mendonça, disse que o Brasil, diferentemente de outras crises, entrou nela fortalecido, com amplas condições de superá-la, e que é considerado como exemplo para muitos países. Abrão disse isto com base nas reservas cambiais, na carteira de exportação do Brasil que é muito diversificada e do forte crescimento da demanda interna. Outro ponto destacado por ele é o controle do governo Brasileiro sobre os bancos do Brasil, BNDS e Caixa Econômica.
Um destaque sobre a situação da crise financeira é a situação do Citibank, que na década de 80, negociou do outro lado da mesa nos acordos de nossa divida externa. Hoje o valor das ações do Citibank que eram de 50 dólares, são comercializada por menos de 1 dólar e que as ações do banco, estão correndo o risco de serem retiradas da Bolsa de Nova York, pelo fato de naquela bolsa não serem aceitas, ações que valham menos de 1 dólar. Hoje o Bradesco vale mais que o Citibank, segundo Abrão.


Tanto Mendonça como Abrão, foram enfáticos em dizer: “O que esta acontecendo nada mais é do que um acerto de contas do mundo real com o mundo financeiro”.

No painel, crise econômica e os fundos de pensão: riscos, controle e oportunidades, o presidente da Petros (Fundo de Pensão dos Petroleiros), Wagner Pinheiro de Oliveira, começou sua palestra dizendo que a crise assusta a todos, mas, que a grande vantagem dos Fundos de Pensão é que nossos compromissos são pra 30, 40, 50 anos. A crise assusta, porém, os fundos de pensão brasileiros estão bem protegidos. Na visão de Pinheiro, a regulação dos fundos com ênfase nas CGPC 13 e 18, definem diretrizes da boa Governança nos fundos de pensão.
Pinheiro relata que de 2003 a 2008, a rentabilidade média do setor foi de 149%, que no período, a rentabilidade da Petros foi de 170%, ultrapassando a meta atuarial que era de 105%.
Para Pinheiro as oportunidades estão colocadas, que é os fundo que tem o que está em falta no mercado, dinheiro para aplicar em investimentos. Segundo Pinheiro tem fundos privados que estão pagando 50% a mais que a Selic (taxa básica do governo), que devemos agora aproveitar a situação de baixa dos ativos das empresas, e ser mais agressivo no mercado, mas, sempre com cautela nas analises de investimentos. Pinheiro acredita que a meta atuarial da Petros será atingida este ano apesar da crise.
Para Everaldo França, Diretor presidente do Portifolio Performance, as oportunidades estão colocadas. Hoje o mundo todo enxerga o Brasil, na década de 90 e inicio desta década, nas apresentações internacionais, das quais participava, o nome do Brasil não aparecia, hoje em qualquer apresentação internacional, o nome do Brasil é citado como um país sólido e que tem todas as condições de crescimento. Isto quer dizer que a tendência são as empresa e os grande fundos aportarem dinheiro nas empresas brasileira , disputando ativos com nossos fundos de pensão.Este movimento deverá tornar os ativos mais caros, por isto, neste momento as oportunidades devem ser avaliadas e aproveitadas.
Everaldo França destaca que não se pode investir em empresas e em fundos de investimentos, que não são transparentes, que a escolha dos administradores dos fundos de investimento, tem que ser feita de forma criteriosa, acompanhadas de um acompanhamento da vida destes administradores de perto. No final Everaldo França repetiu a frase conhecida: “A luz do Sol é o melhor dos detergentes”.




Representação do
POSTALIS, no evento.

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