Os fundos de pensão brasileiros devem encerrar o ano com patrimônio líquido recorde de R$ 530 bilhões, segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp).
O montante supera em R$ 15 bilhões o recorde registrado em dezembro do ano passado (de R$ 515,4 bilhões). “O crescimento registrado até então é pequeno comparado ao enorme potencial de expansão”, ressalta José de Souza Mendonça, presidente da entidade.
Até meados deste ano, especialistas acreditavam que o fraco desempenho da bolsa de valores - devido, principalmente, à valorização registrada em 2009 — atrapalharia o avanço do patrimônio líquido em 2010.
Por essa razão, a expectativa de renovação do recorde foi comemorada pelo mercado. “Em maio, os fundos de pensão somavam patrimônio líquido de R$ 510 bilhões, valor que, aliado à evolução econômica, permitiu projeções mais arrojadas”, completa Mendonça.
Leia Mais...Não foi só a melhora da performance da BM&FBovespa que impulsionou as projeções para este ano. “O crescimento econômico elevou a produtividade das empresas, levando-as a contratar mais funcionários. Isso gera impacto na massa de novos contribuintes de previdência complementar fechada”, explica Nelson Ferreira Fonseca, consultor sênior da área de previdência e atuário da Luz Engenharia Financeira.
Ainda assim, enquanto o mercado formal de trabalho registrou o ingresso de 14 milhões de pessoas nos últimos oito anos, apenas 550 mil trabalhadores passaram a contribuir com fundos de pensão. “O crescimento foi modesto em relação ao número de novos trabalhadores.
Ou seja, pelo menos 13,5 milhões de pessoas são potenciais participantes desse sistema”, pondera Fonseca. O consultor sênior e atuário da Luz Engenharia Financeira também atribuiu o avanço do patrimônio líquido em 2010 à rentabilidade apresentada pelos títulos públicos atrelados ao IPCA (NTN-Bs) e à Selic (LFTs) — a rentabilidade média das NTN-Bs (medida pelo IMA-B) no ano (de 4 de janeiro a 29 de outubro) é de 10,9% para vencimento inferior a cinco anos e 16,1% para vencimento superior a cinco anos. “Ambos os papéis são predominantes nas carteiras dos fundos de pensão”, afirma o consultor.
De acordo com Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos de pensão detinham 33,1% dos títulos indexados ao IPCA em junho deste ano, o maior investidor deste título.
No ano até junho, a rentabilidade das entidades fechadas de previdência complementar é de 2,56%; em doze meses, a rentabilidade é de 13,3%. Mas a análise do desempenho dos fundos de pensão não pode ser feita no curto prazo, uma vez que o horizonte de investimento é de longo prazo: de 1995 até junho deste ano, o ganho acumulado de 1.377,9% ante meta atuarial de 667,67% (INPC + 6%). Também é preciso considerar que o volume de benefícios pagos por ano é de cerca de R$ 32 bilhões, enquanto as contribuições somam R$ 17,5 bilhões anuais.
Em maio, a carteira consolidada dos fundos de pensão era composta por 62,2% em renda fixa, 30,1% em renda variável e 7,7% em outros ativos — entre investimentos estruturados, investimentos no exterior, imóveis e operações com participantes —, segundo a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). Mas a tendência é que a parcela alocada em ações cresça à medida que a taxa de juros caia.
“A partir do ano que vem, os fundos de pensão devem ser mais ousados em renda variável”, diz Nelson Ferreira Fonseca, consultor sênior da área de previdência e atuário da Luz Engenharia Financeira.
O maior percentual alocado em renda variável foi registrado em dezembro de 2007: 36,7%. Em contrapartida, o menor percentual alocado em ações foi observado em dezembro de 2008, auge da crise financeira mundial: 28%. “É provável que em 2011, os fundos de pensão aproximem-se do recorde de investimento em ações”, completa o especialista.
Para José de Souza Mendonça, presidente da Abrapp, as entidades ainda estão na “fase do namoro” com outras modalidades de investimento. “O mercado é tão dinâmico que não saberia dizer a composição do portfólio dos fundos de pensão daqui a dois anos”, brinca. (Brasil Econômico)
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