quinta-feira, 28 de maio de 2009

Educação financeira

O debate em torno da necessidade inevitável de o Brasil reduzir a taxa básica de juros e os altos spreads bancários para uma nova realidade econômica que se apresenta mostra que todo o sistema de aplicações de recursos, não só a poupança, criado em uma época de hiperinflação, precisa ser revisto. Dentro deste contexto a chamada Educação Financeira passa a ser fundamental.
Ao longo do tempo educar o investidor passou a ser o ensino de uma gama de metodologias operacionais permeadas por glossários explicativos. É evidente que ensinar os vários tipos de análises, conhecer os ativos e as peculiaridades dos mercados onde são operados é muito importante, no entanto, educar financeiramente é ensinar o investidor a pensar. Só tendo uma consciência analítica irá descobrir qual é de fato o seu perfil de investidor, para daí então procurar se fundamentar através do conhecimento técnico e literário estudados, o seu projeto de investimento financeiro.
Importante é definir qual o objetivo a ser atingido. Investir no curto prazo, trader diário, longo prazo, plano de aposentadoria complementar, poupança para aquisição de um bem futuro? Qual o objetivo a ser buscado?

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"Educar financeiramente é ensinar o investidor a pensar"
A partir da meta a ser alcançada o próximo passo é entender de fato como as aplicações financeiras se movimentam e quais as peculiaridades que possuem. O longo período de taxa alta de juros no Brasil mascarou uma série de distorções que precisarão ser corrigidas.
Não é só a forma de cálculo do rendimento da poupança que precisa ser refeita, a cobrança de tarifas de serviços bancários e as taxas cobradas na administração de recursos ficarão tão evidenciadas em um novo patamar de juros baixos que serão insustentáveis em um futuro bem próximo. Desonerar as aplicações financeiras e dar maior transparência a seus indicadores é inexorável.
Alguns questionamentos terão que ser respondidos:
Por que o Brasil pratica uma taxa de juros de curto prazo tão alta, que acaba indexando ativos e desestimulando o verdadeiro investidor a alongar aplicações?
Qual a razão de se vincular a grande maioria dos investimentos a taxa CDI? Quem se beneficia e quem se prejudica com isso? Exemplo: em 25/05, taxa da meta selic atual 10,25% ao ano, taxa média diária apurada 10,16%, taxa média CDI 9,98%. Isto representa um CDI, a 98,22% da média selic e 97,37% da taxa da meta.
Por mais que se tente esclarecer o investidor a imensa maioria dos analistas e assessores financeiros, principalmente gerentes da rede bancária, continua indicando operações vinculadas ao percentual do CDI e fundos de investimentos como aplicações em Renda Fixa.
Seu gerente de conta quer te indicar a melhor aplicação ou vender os produtos que são mais rentáveis aos bancos e aumentam sua comissão?
Por que a CBLC tem que custodiar e cobrar uma taxa nos títulos adquiridos através do Tesouro Direto se já existe o sistema Selic?
Quando se aplica em um fundo de previdência complementar o risco do cotista, são as seguradoras os bancos que vendem o produto?
Não só estes, mas também outros questionamentos terão que ser enquadrados dentro da nova realidade financeira que se apresenta. Já que são fundamentais para que o investidor saiba com clareza no que está investindo, os custos, retornos e a natureza de seu investimento.
Estar preparado para atuar nos mercados com segurança e sabedoria não é só conhecer todas as técnicas operacionais, é também conhecer o funcionamento e as regras do jogo.
Um exemplo antigo de não educação financeira está no livro Balzac, de Johnnes Willms, lançado no Brasil pela Editora Planeta. Nele o autor conta que o pai de Balzac, Bernard François, perdeu todo o dinheiro que guardava para a aposentadoria porque o banco onde depositava suas economias quebrou e ele então acabou aposentado compulsoriamente aos 73 anos de idade, passando a receber uma modesta pensão. "Desta maneira, os Balzac não tinham outra opção senão simplificar o mais rápido possível seu estilo de vida"
Ser educado financeiramente é atingir um estágio analítico, avaliar e ponderar opiniões. Quando isto acontecer saberá através de seu conhecimento técnico e de experiências anteriores os erros e acertos cometidos. Com isto, de certo, terá mais acertos do que erros e a consciência de que o maior responsável pelo sucesso ou fracasso de seus investimentos é você mesmo! (Waldir Kiel Junior - InfoMoney)

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